Páginas

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Septuagésima Carta: Obrigado por estar aqui.

"Creio não ter me acostumado com as memórias. Acordar cedo ainda faz parte do costume, e até que eu tenha realizado tudo, continuará assim, pois faz parte da luta erguer-se rápido e tardar a cair. Mas, de todo modo, a partida daquele ônibus azul ainda me acerta em cheio. Vê-lo partindo, passando por mim sem parar, ainda me chacoalha as memórias, e saber que eu não vou mais subir lá para o mesmo propósito... isso me destrói. Sinto saudades dos tempos de escola, acordar cedo e ainda ficar esperando um bom tempo pelo ônibus, sentir a doce brisa da manhã entrar pela janela, e então descer, caminhar pela ruazinha acima e chegar até a escola. Não eram os mesmos sorrisos. Nunca eram. O modelo poderia ser até o mesmo, mas a cada dia que passava, aqueles sorrisos eram mais fortes, mais confortáveis, e eu sentia que ali era o meu lugar. Demorei a entender o sentido daquilo, demorei tanto que não notei quando tudo... se foi... Eu não me acostumo a dar adeus a nada, e é até difícil falar sobre isso sem chorar - confesso já estar lacrimejando fria e lentamente. Lembrar que eu sempre estive lá, com eles, sorrindo e berrando zombarias, risadas intermináveis e lágrimas gélidas... É triste imaginar que se foi e que, talvez, eu jamais encontre isto de novo, em nenhum outro lugar. Mas talvez eu esteja errado - e o quero estar -, talvez seja um preparativo para o que realmente é a vida. O que importa nesse meio dor-alegria é que conheci se não A, uma das coisas mais importantes da minha vida. Estava sentado, com os joelhos encolhidos perto do rosto, afundado sobre os braços, olhando para o celular - era o último vídeo que a minha banda havia feito no estúdio... pouco antes de acabar... outra memória ruim, tsc. Mas, continuando. Sempre fugi do sol, da claridade, e naquele dia não era o sol que brilhava sobre mim, e quando me dei conta, alguém estava lá, parada, conversando com todo mundo perto de mim e eu me senti... estranho. Porque... como eu pude não ter notado aquela menina? Estava parada há um bom tempo? Ou simplesmente apareceu ali quando eu estava de saco cheio e só queria levantar a cabeça pra me cegar com o sol? Me lembro bem da sua blusa verde, a camisa da escola jogada sobre o ombro. Mas nunca fui de me inclinar à ser extrovertido, por isso, apenas virei o rosto e continuei a ver o vídeo.
Então fomos apresentados.
Um amigo apenas bateu no meu ombro e disse que 'Mateus, Fabiane. Fabiane, Mateus'. Algo do tipo. Sei mais que apenas sorri, porque no momento eu não liguei muito. Nunca fui de me importar com a presença de alguém já que estava fadado a perder as pessoas tão fácil. Mas aquele sim era o passo que, mais tarde entenderia, seria o início da mudança desse pensamento.
Ainda lembro de quando começamos a conversar, nosso primeiro abraço quando ela disse pra um bando de gente que éramos namorados. Era engraçado, mas com o tempo foi tomando um rumo real. Para mim, claro, como sempre. Aos poucos meus amigos foram sabendo do meu amor crescente, pela minha 'paixonite', como bem gozavam. Até que um dia alguém TEVE de soltar a língua e falar 'O Mateus gosta de você'. Eu lembro que aquilo gerou uma confusão, um reboliço, um mimimi... Caramba. Mas foi engraçado, e bom, como tudo a partir daí foi. 
Ok, nem tudo.
Obviamente, houveram momentos ruins, outros piores ainda, e até os horrível e os péssimos. Pois é. Brigamos várias vezes, acabamos falando coisas, e até quase caíamos no tapa - exceto por um guarda-chuva no nariz, NÃO NO OLHO, que eu JURO que foi sem querer. De todo modo, tivemos os nossos maus momentos. Sei que sim, porque até quando ela descobriu que eu gostava dela, um certo afastamento aconteceu, mas foi algo rápido e imperceptível, que logo teve fim. Graças a... mim.
Teimosia? Talvez, mas eu nunca queria aquela menina longe. E por mais óbvio, sobre todas essas coisas, passamos por ótimos momentos: risadas, as rodas de violão, os carinhos, os abraços apertados... Tudo estava sendo perfeito.
Até que acabou. Começou a acabar.
A formatura veio como uma bomba pra mim, que mesmo tendo sido avisada muito antes, só caiu a ficha do que realmente estava acontecendo quando eu tive que contar meu discurso, e cada palavra, por mais real que fosse, era uma facada no meu peito. Confesso ter segurado para não chorar. Não queria ter demonstrado fraqueza. Não aquelas, já que muitas vezes demonstrei pequenas partes...
Como várias vezes ter desistido de viver, e até ter pensado em desistir dela, me enganando com outras coisas, outras pessoas... Mas tudo me gritava para segui-la, para não desistir, doesse o quanto fosse, pois mais tarde eu descobriria uma cura: o sorriso dela. Aquele sorriso perfeito onde o lábio superior praticamente se esconde de tão esticado, aquele sorriso lindo sem outro igual para medir uma escala de perfeição. Ela simplesmente sorri e meus problemas se vão. Nela eu guardei essa confiança de perder a dor e encontrar a felicidade.
Agora posso mostrar o quão ela está sendo importante, de verdade, porque muitos me disseram para desistir, para deixar pra lá, e até que nunca iria acontecer, mas enquanto minha pele se desfazia, meus ossos se retorciam e minha mente se destruía inúmeras vezes, eu continuei correndo contra a tempestade até o momento que a tempestade passou a correr de mim, e assim eu a conquistei, e sempre estarei conquistando, pois... vamos direcionar: lembra aquele dia que eu te pedi para olhar a lua? Então. Lembra que eu perguntei se eu estava conseguindo conquistá-la? Eu sei que você lembra o que me respondeu. Então... cá estamos nós, felizes... Ou como você diz: 'feliz feliz, alegre alegre'. Bem... Agora que direcionei, nada melhor do que dizer isto:

OBRIGADO POR TUDO, obrigado por me dar um novo sentido para a vida, obrigado por me tirar da escuridão em que meu peito se encontrava, obrigado por iluminar com esse olhar e esse sorriso o meu caminho, e obrigado por se tornar o meu motivo de felicidade. Simplesmente é em você que eu deposito as esperanças de dias melhores, porque eu sempre procurei esse sentido, e você sempre esteve ali. Eu pensei que desistiria um dia, mas felizmente prevaleceu o amor, e foi renascendo em mim a vontade de ser feliz, e hoje eu não sei mais o que é viver sem ter você como esse motivo. E toda vez que você me olha, eu noto os sentidos da palavra Amor e Felicidade, e até da palavra Vida, e noto que interligando isso tudo passa a ser completamente óbvio que TUDO O QUE EU TENHO é você. Pode não ser diretamente, mas em tudo há um pouco de você.
Espero um dia poder retribuir toda a felicidade que tem me proporcionado e espero um dia saber exaltar esta alegria de tal forma que... será a melhor história da minha vida... ou melhor: a melhor vida para se contar.

Fabiane... Eu te amo. Obrigado por estar aqui."

Cartas Diretas,
obrigado.

Nenhum comentário: